Como a nova Base Curricular Comum coloca a educação financeira?

Alguém parou para ler o que abrange a nova Base Nacional Comum Curricular para o ensino fundamental e médio ?  Será que o MEC agora colocou a tão necessária educação financeira?

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – leia aqui –  é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento,
em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE) do MEC.

Fiquei curioso ao ver notícias e artigos sobre a mesma sendo veiculados e resolvi pesquisar para ver se encontrava a tão necessária educação financeira incluída na tão badalada BNCC que o MEC se orgulha tanto.

Para minha surpresa, encontrei algumas poucas referências sobre quando e como o tema da educação financeira deverá ser abrangida na sala de aula.

Na página 267 da BNCC/2018 encontramos que a temática da educação financeira deverá ser abrangida nos anos finais do ensino fundamental na disciplina de Matemática sob a temática números.

Veja um recorte:

Fonte: Página 267 da BNCC-MEC

Vejam que além da temática estar dentro da matéria matemática/números, o que já indica que a abordagem será puramente numérica, ou seja, o aluno será levado a fazer algumas continhas mas não será estimulado a pensar sobre o assunto e muito menos será explicado o que é um ativo financeiro, passivo,  tesouro direto, ações, por que poupar, aposentadoria, investimentos, etc. Isto não será tratado por um profissional de finanças ou alguém com conhecimento mínimo de investimentos e o mundo a parte que isto é, mas sim por um professor de matemática que já possui uma carga enorme de conteúdo a ser passado durante o ano.

Além do mais, claramente nota-se na descrição que a questão será abordada “se der tempo” haja visto o termo “Outro aspecto” denotando sentido secundário e interdisciplinariedade com questões culturais, sociais, políticas e psicológicas – uma sugestão que praticamente indiretamente denota que deve ser adotado um discurso socialista, quase que anti-capital.

O que podemos esperar que nossos filhos aprendam sobre educação financeira na escola quando ela será (isso se for) abordada sob este aspecto? O fato é que não podemos esperar, temos que agir, afinal somos o 74o no ranking de educação financeira no mundo e francamente acho até uma boa posiçào por que não vemos nada sobre isso na escola – Nada !

Comentem abaixo e compartilhem para que ao menos possamos cobrar de nossas escolas que abordem o tema e possamos também nos oferecer para palestrar e promover a educação financeira junto as escolas de nossas comunidades, afinal nem só de internet e blogs a comunidade FIRE é feita! Aliás, esta seria uma perfeita ocupação para nós desenvolvermos após e até mesmo antes de atingirmos a independência financeira, o que acham?


14 thoughts on “Como a nova Base Curricular Comum coloca a educação financeira?

  1. Excelente idéia AA40. Mas será que os professores aceitariam eu por exemplo ir dar uma palestra pra criançada mesmo sem ser profissional credenciado de mercado?

    1. Pois é, acredito que se você falar que possui muita experiência com o assunto, mostrar seu blog, falar da importancia do tema consiga sim. Força lá e volte nos contar como foi a experiência. Abcs

  2. Seria muito importante num país com tanto endividados uma disciplina de educação financeira, para as pessoas aprender a organizar melhor as finanças pessoais, a aprender a investir pensando num futuro melhor e numa vida mais tranquila, caso sejam empreendedores a ter empresas mais saudades e lucrativas.

    Como não vamos ter uma disciplina de educação financeira, então, essa vai ter de ser aprendida através da leitura de bons livros de finanças e investimento, bons blogs, e bons canais no YouTube.

    Abraço e bons investimentos.

    1. O problema DIL é que a criançada e adolescentes não vão pro Youtube para ver vídeos de finanças né, nem procurar blogs de finanças na internet. Nesta idade se não for na escola ou em casa eles não vão aprender ou se interessar infelizmente. Quando virem a importancia disto já vai ter passado alguns bons anos perdidos de juros compostos e falta de disciplina financeira.

  3. No currículo das escolar americanas a educação financeira é bem enfatizada porém ainda sim é o povo mais endividado do planeta, estão todos atolados até o pescoço em dívidas no cartão de crédito e financiamentos de carro e casa. Se for para ensinar dessa forma é melhor nem ensinar… mas já é um começo, quem dera fosse possível falar sobre FIRE nas escolar e já ir plantando a semente de um futuro mais tranquilo para essa nova geração. Acho que de uma maneira ou outra nós aqui fazemos a nossa parte mesmo sem perceber através dos blogs, mas sua idéia é excelente.

    Sr. IF365

    Blog do Sr.IF365 | Acompanhe meus últimos 365 dias antes da IF e Aposentadoria Antecipada
    http://www.srif365.com

    1. Pelo que me disseram e pude perceber quando morei lá é que eles também não tem essa disciplina e praticamente não é falado em sala de aula.
      Acho que existe um certo complo dos governos uma vez que a economia depende muito de pessoas tomando empréstimos e pagando juros.
      Um exemplo de país onde a educação financeira é pilar é o Japão e a Alemanha onde poupança é ensinada desde o berço. Abcs

  4. A curto e médio prazo acho que não muda nada, AA40. O ponto é que a maioria dos professores não vão ter bagagem e moral para falar sobre o assunto (exceto explicar coisas matemáticas da economia): eles continuam sendo assalariados dependentes do emprego, endividados e que veem a IF como algo totalmente inexequível.

    Abraço!

    1. Concordo mas nem me referia a FIRE ou IF, mas simplesmente ao ensino do básico sobre finanças, o por que investir, como os juros compostos te beneficiam, por não se endividar, coisas simples que devem ser abordadas não só sobre o ponto de vista matemático mas cotidiano mesmo. O jeito é arregaçarmos as mangas e irmos nós fazer algo pelo menos na nossas escolas do bairro.

  5. Ótima abordagem AA40.
    O tema de finanças pessoais já é bem trabalhado pelas boas escolas privadas, agora só está faltando a pública.
    Um abraço

    1. Como a BNCC será aplicado para as duas, privadas e publicas, como forma de unificar e padronizar o ensino no Brasil, é bem possível que as escolas particulares tenham que limitar o ensino de finanças para cumprir com a BNCC. Isto seria péssimo pois nivelaria por baixo ao invés de aumentar o nível do ensino público. Vamos ver o que acontecerá. Fiquem de olho no que os seus filhos estão aprendendo sempre!

  6. Esperar que as já em muitos casos defasadas e desestruturadas escolas públicas tenham professores ou profissionais da área financeira para lecionarem essa matéria é na realidade uma expectativa hoje fora da realidade.
    Em muitos casos já mal se tem o mínimo necessário.

    Outro ponto: Acho que num mundo onde quase todos estão conectados a internet, inclusive boa parte da população mais humilde, falta também interesse das pessoas procurarem individualmente o conhecimento. Não podemos nem devemos tirar essa resposabilidade do indivíduo. Clips de funk, vídeos de violencia ou humor apelativo, além das redes sociais "bombam" em audiência.
    Pois bem o mesmo celular ou computador que acessa esses conteúdos pode acessar outros mais construtivos.
    Tem muita gente de classe média e até mesmo média alta que é endividade ou administra muito mal suas finanças. Faltou ou falta informação a essas pessoas? Elas não tem condições de ter acesso a essas informações?

    Não digo que educação financeira não é importante, certamente tem importantância, mas o que falta em muitos casos é o simples bom senso por parte das pessoas. Até porque o principal da educação financeira é bem simples não é necessário nenhum conhecimento sofisticado para por exemplo se gastar menos do que se ganha.
    Pessoas humildes que administravam e administram muito bem suas vidas financeiras não tiveram essas aulas, porém tiveram equilíbrio e bom senso e isso sim falta a muitos.

    1. Entendo seu ponto de vista e compartilho de alguns pontos principalmente da falta de interesse da maioria das pessoas – assim como poucos se interessam por física quântica né.
      O administrar a vida financeira não é algo que todos possuem de berço. Isto precisa ao menos ser instigada e a escola certamente ajudaria abordando este assunto. Veja ao seu redor, tudo é dinheiro, tudo gira em torno do capital. Por que não aprendemos nada sobre isto e sim temos que aprender sobre inúmeros outros assuntos que se quer são utilizáveis depois na carreira ou no dia a dia enquanto finanças faz parte de TUDO o que fazemos o tempo todo?

    2. Também entendo o seu ponto de vista. Embora as finanças sejam mais importantes e comuns às pessoas que física quântica.

      Como disse, acho que a educação financeira tem sim importância. Mas também acho que muitos problemas não são causados por falta de educação fianceira e sim por falta de equilíbrio e bom senso.
      Não sou contra o ensino nas escolas. Mas não acredito totalmente nesse mito que o que falta ao brasileiro é educação financeira.
      Tá cheio de gente bem formada e informada que tem péssimos hábitos financeiros, em parte por necessidade de comprar bens, como imóvel por exemplo, mas em grande parte também por gastar mais do que pode.
      A vaidade pesa muitos nesses momentos ou a necessidade de pertencer a grupos ou não se sentir inferior aos demais.
      E isso em si não tem haver com educação financeira e sim valores culturais e sociais e até mesmo auto estima.
      E é importante entender e levar em consideração isso também.
      Na própria blogsfera o que faz a maior diferença no crescimento do patrimônio dos blogueiros é o aporte, que só é possível gastando-se menos que ganha (em alguns casos bem menos…). Regra totalmente simples e banal, mas é o que vai alavancar as finanças da grande maioria das pessoas.
      Conhecimentos mais sofisticados podem vir a partir daí.
      Portanto os hábitos das pessoas e o quanto elas aguentar abrir mão de algum tipo de consumo é que fará com que alguém se torne um pequeno poupador e posteriormente investidor.

      Enfim, minha intenção foi ostrar esse ponto.

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