As 12 regras para montar a sua carteira de dividendos

(Postado em 29/09/2018)

Um dos melhores livros para quem está em busca de iniciar sua carteira de longuíssimo prazo visando crescimento de dividendos é o “The Single Best Investment” de Lowell Miller.

Neste excelente livro estão elencadas as 12 regras para seleção de empresas para montar sua carteira DGI (nos EUA, mas com alguma adaptação pode-se usar no Brasil)

As regras são simples mas requerem um conhecimento médio de análise de balanços e resultados para compreender melhor. Não obstante, elas foram concebidas para que você ignore completamente a mídia, notícias e comentários de analistas que tentam influenciar na escolha.

  1. A empresa precisa ser financeiramente forte: Precisa ter no mínimo rating BBB+ pelo ranking da Standard and Poor’s.
  2. A empresa precisa oferecer um dividend yield relativamente alto: Pelo menos 150% do DY do S&P500. Hoje pelo menos 2.7%aa. O dobro sp SP500 ou mais é recomendável quando as outras 11 regras forem satisfeitas.
  3. Há expectativa do DY crescer substantivamente no futuro: A projeção de crescimento dos lucros precisa estar em linha ou acima da projeção de crescimento no pagamento de dividendos para que um cubra o outro com margem. Preferível empresas com payout menor que 50% (exceto REITS cuja métrica é o Div/FFO<=80%)
  4. Empresa deve oferecer boa perspectiva de crescimento dos lucros sustentado: Entre 5% a 10% de crescimento anual projetado nos lucros é considerado sustentável. Resultados de DG (incrementos de dividendos) passados podem ser analisados mas não usados exclusivamente.  
  5. A gestão precisa ser excelente: Gerência precisa ter histórico de sucesso. Projetos, expansões e lucro durante crises é um plus. CEOs e alta gerência precisam ter ações da empresa, pelo menos 1 ano de salário investido para mostrar confiança ao mercado.
  6. Valuation importa: A divisão Preço/Vendas precisa ser menor que 1,5 e idealmente menor que 1 .Preço/Lucro e Book Value precisam ser menor que a média do mercado (S&P500). 
  7. Considere a história da empresa: Líder de mercado ou até vice líder de mercado na categoria é positivo. Restruturação geralmente é positivo. Queda de preços depois do anuncio de uma aquisição é geralmente normal também (dependendo do tamanho). Deve sempre haver um fator de crescimento presente.
  8. Analise gráfica para comprar: Apesar de haver muita coisa inútil na analise técnica, a avaliação de força relativa é bem útil. Clímax de venda e pontos de inflexões podem ajudar a selecionar entre candidatos a compra em um dado momento ou ainda mostrar quando “podar” uma posição que subiu demais.
  9. Mentalize o futuro: A empresa é relevante na vida das pessoas? Produz algo vital e está bem posicionada no mercado? Será uma empresa importante para a sociedade daqui a 20 ou 40 anos? Ela domina no mercado que atua? Há margem para crescimento? 
  10. Compre e mantenha com paz de espírito: Investidores de sucesso cultivam paciencia racional. Focam na história de longo prazo e nunca em resultados trimestrais ou recomendações quaisquer. Evitam checar preço todos os dias e fazem o máximo para evitar a “holding anxiety”.
  11. Venda quando o dividendo está em risco, quando não houver aumento do mesmo em 12 meses seguidos ou se a história (regra 7) tenha mudado. 
  12. Diversifique emtre várias empresas que se qualifiquem: Se sua carteira tem capital suficiente, use cerca de 30 ações com o capital igualmente distribuído entre as mesas. Quanto menor o número de empresas, mais conservador precisa ser a sua seleção de empresas. Escolha as empresas óbvias. Veja aqui a lista das empresas mais selecionadas para carteiras DGI.

Você que está querendo montar sua estratégia de investimento no exterior e quer focar em dividendos, estas 12 regras podem evitar que você selecione aquela empresa “do momento” e que não vá lhe proporcionar o que busca:  Aumento da renda com dividendos ao longo de muitos anos no futuro sem pular de galho em galho.

Tempo de mercado é o mais importante para a estratégia DGI

Quando mais tempo você segura uma ação DGI de boa qualidade maior o Yield on Cost,ou seja, maior a remuneração paga sobre o investimento inicial. O Livro comenta que alguns investimentos depois de 40 anos pagam agora 60%aa ou mais de dividendos sobre o capital investido no início, sem contar os ganhos pela valorização do preço das ações em si. Qual renda fixa paga isto?

Se eu precisar gastar os dividendos?

Mesmo que precise utilizar os dividendos para seu sustento e não os reinvista, pelo simples fato da empresa gerar mais renda ao acionista ao longo do tempo o preço das ações também se valorizarão levando a ganhos de capital além da receita com a distribuição de renda trimestral.
A analogia a dois apartamentos alugados no mesmo prédio: Um você aluga por mil reais mensais e o outro por 2 mil reais mensais. Qual o valor deles? Pelo valuation apenas, o segundo deve valer o dobro do primeiro. O mesmo é com uma empresa, quanto mais renda uma empresa (ação) gere, mais ela deve valer.


 
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18 thoughts on “As 12 regras para montar a sua carteira de dividendos

  1. Excelente regras, concordo com quase todas. Menos a regra 8 da Analise Gráfica da empresa, não uso nunca a Analise Gráfica.

    Eu para comprar ações estabeleço um preço teto e vou comprando a melhor oportunidade em cada mês, mas sempre em ações que estão abaixo do preço teto.

    Aproveito as quedas para ampliar posições nas excelentes empresas, sempre tenho um dinheiro guardado para as oportunidades.

    Sou 100% Analise Fundamentalista.

    Abraço e bons investimentos.

    1. Legal DIL.
      Pois a regra 8 na verdade eu aplico quando tenho duas ações do mesmo setor por exemplo que quero adicionar posição. Por exemplo hoje é SO e D na NYSE. As duas estão atrativas porém graficamente podemos puxar o IFR Força relativa no gráfico semanal ou mensal e ver se o fluxo net de dinheiro está subindo ou caindo e assim podemos se a tendencia de médio prazo das duas e ver qual é mais interessante adiar e qual é mais interessante adicionar agora. Abcs

    2. São estilos diferentes. Eu só uso analise fundamentalista.

      Eu prefiro aportar na excelente empresa que está mais descontada em relação ao seu valor intrínseco.

      Abraço e e bons investimentos.

  2. Olá AA40,

    Muito bom o post. Eu também sou um investidor em dividendos, apesar de ter algumas empresas na carteira que é considerada de crescimento.

    Abraços.

  3. Gostei do post.
    Estruturei uma planilha para entender o mínimo, em reais, que preciso iniciar apenas para pagar o custo de $10 mensais da corretora. Hoje está ao redor de R$17.500,00. No entanto, coloquei diversos REITs para conseguir o yield necessário. Esse livro aborda a diversificação com REITS ou o foco são as empresas?
    Abraço!

    1. Agora que li o link que você postou referenciando as ações de crescimento de dividendos, vejo que a pergunta não tem tanto sentido. Vou estudar mais antes de me aventurar nos EUA =D

    2. O livro não aborda REITs com muita força mas sim comenta sobre eles. A análise deles é um pouco diferente. Você usa FFO e não EPS por exemplo para analisar o payout.
      Estudo é sempre bom. $10 na sua corretora lá parece caro. A minha cobra $4,95 e a Interactive Brokers é ainda mais barata.
      Uma boa fonte é : http://www.comoinvestirnoexterior.com
      Abcs

  4. Pra brasileiro fazer stock picking nos EUA é estressante e o tratamento tributário é brutal.
    Escolho meus ETFs no exterior pelo CAPE e pelo PB apenas.
    Essa parte do yield on cost é sensacional, muita gente não sabe disso, vai comprar um itaú hoje e fala " ah mas só paga 4%aa, é muito pouco" é sim, pra você que tá comprando hoje, pra quem comprou há 10 anos atrás o yield é 30% aa.

    Análise gráfica pra comprar acho totalmente tosco.No mais, bom post amigo!
    Abraço!

    1. Não precisa ser estressante necessariamente. Uma vez que vc montou uma carteira DGI sólida você precisa basicamente reavaliar uma vez ao ano e pronto. O tratamento tributário não é tão ruim pq você pode compensar a diferença do imposto aqui no Brasil com seus ganhos aqui então não é tão ruim assim.
      O YOC não funciona com ETFs (minimamente), então não tem como fugir de stocks em si para obter o máximo pontencial.
      Analise gráfica tem seu valor e como o autor coloca, para medir força relativa e maximizar o potencial no longo prazo é válido, mas que não manja ou não gosta melhor ir só por fundamentos mesmo. Abcs

  5. Analise técnica é algo que sou bem leigo rs De resto, os outros pontos são bem legais. O 6 ponto é algo que preciso melhorar. Sou bem fraquinho rs

    Abraço!

  6. Tem alguma adaptação ao Brasil?

    Os gringos podem ser mais rígidos nos critérios pq a bolsa deles tem MILHARES de empresas. Nós, não.

    Faz um tempo que penso em alguns critérios:

    1. Payout < 70%. Para empresas com monopólio (concessionárias), payout < 100%.

    2. Pagou dividendos nos últimos 05 anos, pelo menos. Não sei se aqui no Brasil teremos empresas com dividendos CRESCENTES em 05-10 anos consecutivos, então eu relaxei o critério.

    3. Lucro Líquido positivo nos últimos 05 anos.

    4. Dívida Líquida/EBITDA < 2. Não quero empresas endividadas, pq um ano ruim (com lucro baixo) pode abalar a capacidade de pagar dividendos saudáveis.

    Foi o que eu consegui pensar. O DÉCIO BAZIN falava que o importante para ele era o Yield e a Dívida da empresa.

    O que acham?

    E qual o momento de zerar a posição numa empresa?

    1. João, pessoalmente não tenho adaptação para o Brasil pq não faria esta estratégia na bolsa brasileira. Mais de 50% da bolsa brasileira é de especuladores estrangeiros. Eles não querem investir para o longo prazo ou dividendos, são trades e ao menor sinal de default eles pulam fora e a bolsa despenca. São hedge funds, fundos abutres e especuladores, bancos grandes que não tem interesse na nossa economia mas apenas na volatilidade. Salvo FIIs, não vejo com bons olhos a bolsa brasileira, mas nada contra quem pensa diferente.

      Quando aos seus critérios acima acho que sim, fazem muito sentido. DY e dívida são sim fatores importantíssimos e adicionaria market cap e tendência crescente nos lucros tlvz. Abcs

    2. São raros exemplos. Começaram muito cedo e agora eles praticamente controlam várias empresas. A menos que façamos algo semelhante pensando para daqui 50 anos, não vejo como fazer isto novamente nos dias de hoje.
      Creio que nos dias de hoje devemos investir como o viverdedividendos, que apesar da arrogância, creio que faz um bom trabalho investindo apenas em FIIs no Brasil e dividendos nos EUA.

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